segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sermão

A ESPERANÇA DO CRISTÃO

V  Texto Básico: Lc 1.8-25

INTRODUÇÃO:
Quem nunca ouviu a grande frase: “Quem tem promessa de Deus não morre”, pois é na Bíblia sagrada temos muitas promessas de Deus para nossas vidas. Saber que Deus tem um propósito conosco, muitos de nós sabemos, então, como devemos tomar posse das promessas de Deus? Por que esperar as promessas? Existe uma promessa para mim?

NARRAÇÃO:
Havia muitos sacerdotes, em Jerusalém e somente um templo. E os sacerdotes serviam divididos em turnos, que eram vinte quarto divisões, o turno de Zacarias era o oitavo turno (1 Cr 24:10). Cada divisão estava de plantão ao longe de duas vezes ao ano.
Zacarias era casado com Izabel e sua esposa era filha de sacerdote (Lv 21:14) Eram ambos da tribo de Levi e Isabel era descendente direta de Arão.
 Ter uma esposa da família sacerdotal era uma honra para qualquer sacerdote. A vida de Zacarias e Isabel era uma vida familiar exemplar (Lc 1:6). Como em sua época havia muitos sacerdotes, era costume jogarem a sorte para ver quem iria ministrar no templo, e caiu justamente em Zacarias (Lc 1:8-10).
Isabel era estéril e como a sociedade em sua época era totalmente discriminada.

Este casal não tinha nenhum filho porque Isabel era uma mulher estéril. Era vergonhoso para uma mulher judia não ter nenhum filho, mas Deus havia mantido Isabel dessa forma intencionalmente para um propósito muito especial.

Oito dias depois do nascimento de João seu filho, quando era hora de dar-lhe um nome, todos ficaram surpresos quando Isabel disse que seu nome seria João, porque nenhum de seus ancestrais foi chamado de João. Zacarias disse seu nome é João?. Então sua língua soltou-se e ele falou, profetizou e regozijou-se no Senhor.




V  SENTENÇA DE TRANSIÇÃO: As promessas de Deus chegam

1.     As promessas chegam apesar: Das circunstancias
“E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, sendo eles avançados em dias” (Lc 1: 07).

a)     As promessas anulam as circunstancias contrarias.
b)    As promessas de Deus trazem com sigo a certeza da Salvação.

2.     As promessas chegam apesar: Da velhice
“Então, perguntou Zacarias ao anjo: como saberei isto? Pois eu sou velho, e minha mulher, avançada em dias” (Lc 1:18)

c)     Quantos de nós perdemos a “esperança” e alegria da salvação!
d)    Não importa a idade; a vontade de Deus se cumprirá!

3.     As promessas de chegam apesar: Da Incredulidade
“Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas venham a realizar-se; porquanto não acreditas nas minhas palavras, as quais há seu tempo, se cumprirão” (Lc 1:20)

a)     Quantos de nos perdemos a esperança nas promessas de Deus?
b)    As promessas de Deus “anulam” incredulidade.

4.     As promessas de Deus anulam a vergonha
“Assim me fez o Senhor; contemplando-me, para anular o meu opróbrio perante os homens” (Lc 1:25)

a) Quando as promessas de Deus se cumprem em nossas vidas trás juntamente a honra de Deus pra nós!
b) Deus é o único a transforma nossas vidas!


Por: Reverendo: Silvio Ribeiro
 (sermão pregado na 1ªICP/Ocidental-GO - 20/10/13)


Sermão

A BUSCA VERDADEIRA DO REINO DE DEUS

Tema: Fugindo da Ansiedade
ü  Texto Básico: Mt 6:25-34
ü  INTRODUÇÃO:
Ansiedade:
1. Comoção aflitiva do espírito que receia que uma coisa suceda ou não.
2. Sofrimento de quem espera o que é certo vir; impaciência.
Ansiedade Quebra a Comunhão com Deus. Ao buscar o reino de Deus como primeiro em nossas vidas, a bíblia não esta falando que não devemos trabalhar, pois, a mesma diz: “Quem não quiser trabalhar também não coma” (2Ts 3:10) e “Preguiçoso, aprenda uma lição com as formigas” (Pv 6:6). E sim devemos fazer tudo para a glória de Deus e saber que a nossa morada e habitação e no senhor Jesus Cristo!

ü  NARRAÇÃO:
Jesus esta ensinando aos seus discípulos que eles deveriam; esperar somente nEle, e não ficarem, preocupados numa busca desenfreada com coisas deste mundo. Mas, deveriam confiar na providência de Deus:
Ambos, a vida e o corpo, nós os recebemos sem contribuir para isso venha a existir.

V  Sentença de Transição: Não devemos esta ansiosa pelas coisas deste mundo.
Por quê?

1.      Deus cuida de nos com: alimento
a)      “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber... Não é a vida mais do que o alimento...” (VS. 25).
b)      Devemos esperar somente em Deus; esperar e descansar!

2.      Deus cuida de nos com: vestimenta
a)      “E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” (Vs. 28).
b)      Ser como um lírio do campo é ser consciente de que somos totalmente dependentes da graça de Deus.

3.      Deus cuida de nos com: sua presença
a)      “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Vs.34).
b)      A presença de Deus em nossas vidas e tão real que devemos: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Vs. 33). A palavra justiça significa: agir de forma correta, fazer algo justo! Buscar o reino e deixa-se preencher já agora com toda a riqueza desse reino presente e futuro de Deus.

Por: Reverendo: Silvio Ribeiro

(sermão pregado na 1ª ICP/Ocidental em 22/05/13)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Deus e Sua obra e Justificação Divina

 O homem natural e totalmente depravado e não a nada de bom em si mesmo, que o possa se justificar diante de Deus. Pois suas obras não valem de nada se for motivado pelo seu bel prazer, a verdadeira boa obra para Deus não esta na intenção, mas sim pela fé que Cristo no outorgou na cruz do calvário.
Muitas vezes vermos os ímpios prosperando e chegamos a dizer que Deus também os justifica, mais por outro lado sabemos que as escrituras sagradas nos falam que nossa recompensa esta em Cristo e seremos recompensados por Ele (ICo. 2:9). Os servos de Deus na terra têm que estarem prontos para superar as adversidades da vida, e caminha junto à vontade de Deus, pois aqueles a quem o Senhor chamar e vocaciona herdarão as promessas de Deus (ainda que pareça não acontecer).
Nos que somos despenseiros da multiforme e graça de Deus temos que nos contenda com as dificuldades da vida e sabê-las superaras em Cristo (Fl.4:12-13).
A vontade de Deus para o Seu povo é que nos atendemos para nova vocação em Cristo.
Implicações práticas para a Vida da Igreja.

Deus chamou e elegeu a Sua igreja para um grande e real propósito na terra, de honra ló mediante qualquer dificuldade. Nos como igreja do Senhor Jesus devemos nos alerta para o chamado de Deus, pois muitas vezes estamos preocupados com a situação financeira, como agir em determinadas situações e esquecemos que Deus em Cristo Jesus nos vocacionou para um grande propósito maior que é o viver dignamente, dando testemunha de vida cristã (Lc 24:48) e pregando as boas novas do “reino de Deus”. A igreja em si já esta justificado, pois o sacrifício de Jesus foi perfeito e eficaz (1Pe 2:9-10) Como João Calvino diz: “Que o homem se desprenda de si mesmo, para que aplique ao serviço do Senhor toda força de seu entendimento. Como individuo ou como igreja”.
Por: Reverendo Silvio Ribeiro

Ministério

Ministério – Transcendendo o Clericalismo.         
O ministério como um todo é o serviço a Deus a favor do próprio Deus. O ministério real e verdadeiro é aquele que é feito não com intenção própria ou para barganhar algo de alguém, mas quando é feito para Deus visando o aperfeiçoamento do Seu povo.
          A visão geral (para alguns) em torno do ministério é que o ministro de Deus (principalmente pastores), só são vocacionados ou chamados para tal obra porque o próprio Deus o separou para este fim. Mas a realidade muitas das vezes é outro no sentido bíblico (não que Deus seja limitado, pois Ele é soberano e pode todas as coisas), quando Deus nos chama; Ele próprio já esta nos vocacionando e separando para sermos Seus servos e mordomos da Sua obra na terra. Por isso independentemente de ministério posição eclesiástica, Deus requer do Seu povo prontidão para se disponibilizar para Sua grande seara (Lc. 10:2). O povo de Deus não pode se limitar por posições, pois o verdadeiro sentido bíblico da vocação ministerial é que todos possam se colocar a disposição de Deus e de Sua grande e maravilhoso obra redentora; para todos cumprirem o ide do Senhor Jesus (Mc. 16:15). Deus chama um só povo. E Seu povo da continuidade a Sua obra, consagrando assim homens comissionados para tal fim.
Implicações práticas para a Vida da Igreja.

          Nós que somos mordomos e sevos do Senhor Jesus, temos que nos conscientizar da responsabilidade em Cristo e da continuidade na obra de Cristo e dos apóstolos, pois esta pronto para fazer a vontade do mestre é estar pronto para saber o chamado de Deus e cumpri-lo fielmente. A igreja de Jesus hoje precisa urgentemente voltar ao primeiro amor, e aprender com Cristo (o nosso maior exemplo), como fazer a vontade do Pai, como servo submisso dedicando-se pela causa da cruz. O sentido da vocação ministerial de Deus para o Seu povo é através de suas vidas mostrarem Cristo, independentemente de posição ministerial ou secular, devemos anunciar e propagar o amor Divino ao mundo.

Por: Reverendo Silvio Ribeiro

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Educação Cristã



"A Relevância da Escola Bíblica Dominical para o Crescimento da Igreja"

A educação, de um modo geral, compreende não somente uma atividade, porquanto o ensino se dá desde o início da vida do ser humano, quando este aprende a falar, a andar, a comportar-se, etc. Educar pressupõe a criação das condições necessárias para que o ser humano aprenda e seja capaz de efetivar esse aprendizado de forma que se consolide e se interiorize.
Para a compreensão da forma pela qual deve ocorrer o ensino, é necessário identificar correta e claramente o que ele significa e, sobretudo, quais são as faculdades do homem que devem ser consideradas como sendo o objeto do ensino.
Para que isso seja possível, em termos educacionais, pressupõe-se que entre o mestre e os discípulos se estabeleça uma relação especial, uma relação de desejo de aprender e de direcionamento desse desejo para que ocorra a aprendizagem.
A educação, em termos gerais, pode ser concebida, portanto, como uma ação intencional e processual que propicia espaços de formação; é uma ação que “envolve, geralmente, o ensino, embora se saiba que nem todo o ensino é educativo”.[1]
A educação cristã é um processo de ação e de reflexão, integral e permanente da comunidade de fé, que através da correta interpretação e comunicação da mensagem bíblica, tornam possível a transformação e a humanização do homem e da sociedade, para participar plenamente do Reino de Deus, inaugurado por Jesus Cristo.[2]
A definição de Monti[3], considerando-se as partes que compõem o seu conceito, pode ser assim explicitada:
a) A educação cristã é um processo de ação e de reflexão: é um processo porque representa uma ação dinâmica, que implica em um fazer contínuo. Todo processo educativo intenta transformar a realidade através da ação, com uma orientação determinada pela reflexão.
A prática e a teoria estão, assim, relacionadas de modo indissociável, porque toda educação pressupõe uma prática prévia, sobre a qual se realiza uma reflexão, uma tomada de distância da realidade, para tornar possível um enfoque critico de sua transformação.
Quando a realidade é transformada, há um novo ponto de partida para a reflexão e, em consequência, surge uma nova necessidade de ação, em um processo que adquire, dessa forma, uma dinâmica contínua, ininterrupta e permanente.
b) A educação cristã é um processo integral: como processo integral, tem como propósito a integração de todas as áreas da pessoa humana em três aspectos: com Cristo, em primeiro lugar e, através Dele, consigo mesmo e a integração com a sociedade, com possibilidades para influenciar tanto a sociedade como a cultura.
Toda personalidade do ser humano e a realidade social se integram em uma única visão da educação cristã.
c) A educação cristã é um processo permanente: essa consideração se deve ao fato de que o homem, por ser, por natureza, inacabado, tende a buscar a sua perfeição. A educação é, portanto, um processo contínuo, que somente finaliza com a morte.
A pessoa está em constante crescimento e enfrenta, a cada dia, novas situações, que vão modificando sua prática e que demandam uma correspondente reflexão, que obriga a uma participação efetiva, ativa e responsável, seja qual for à etapa da vida em que se encontre.
Por isso, a educação cristã deve ser entendida como uma parte da educação permanente, como um dos instrumentos possíveis, com suas características próprias e originais, para o desenvolvimento do processo de formação e de transformação.
d) Da comunidade de fé: a comunidade de fé, fundada em Cristo, se manifesta como sendo o lugar onde se proclama e se reconhece a Deus como o Criador.
Nessa comunidade, constantemente são evocados e recordados Seus atos salvíticos, se adora em comunhão, se edifica o crente, ao mesmo tempo em que a comunidade é edificada pelo Senhor, através de Seu Espírito, pelos dons recebidos, pela Sua Palavra.
A tarefa educativa é responsabilidade da comunidade de fé em Cristo, como observa Monti:
A Igreja herdou de seu Senhor esta oportunidade de magistério. Ele foi o mestre por excelência. Cristo ressuscitado delegou essa tarefa aos seus discípulos: tornar discípulos a todos os homens, ensinando-lhes a observar tudo o que Ele havia mandado, conforme Mateus, 28:19 e seguintes.[4]
 
A educação cristã se integra na realidade da comunidade, “leva a igreja a ser igreja, voltando-se ao mundo para servi-lo. Este ministério reside na totalidade da comunidade”.[5]
O mandamento de Cristo de fazer discípulos e ensinar aos homens implica na existência de uma tarefa comunitária e pessoal de cada crente, que é canalizada através dos diferentes dons que a igreja recebeu. Cada um se torna responsável em se educar e educar ao outro, como parte de seu ministério. Esta responsabilidade de cada crente – a educação pessoal e comunitária – leva a uma nova dimensão da educação cristã: “a educação popular, ou seja, daqueles que não possuem organização, forma, para que se tornem capazes de agir como agentes conscientes e críticos de todo o processo de mudanças sociais”.[6]
As escolas bíblicas dominicais e todos os grupos de reflexão informal, para Costas, “constituem uma nova opção para a educação, na qual crianças e adultos fazem uma leitura contextual da Bíblia, que acompanha um compromisso profundo com a realidade”.[7]
Ainda, é responsabilidade da comunidade de fé capacitar seus membros para o ministério do testemunho, o ensino e o serviço no mundo.[8]
e) Correta interpretação e comunicação da mensagem bíblica: o fundamento da educação cristã se encontra nas Sagradas Escrituras. A leitura e a interpretação correta das mesmas inspiram os atos da vida cotidiana e confrontam o homem com Cristo em todas as situações, levando a uma constante transformação da sua vida e de sua realidade.
Todo ser humano necessita da comunicação do Evangelho. A Igreja, fiel à sua missão, comunica a todas as gerações e à comunidade não crente a mensagem de Cristo, demandando uma resposta concreta a ela. A igreja possui a revelação de Deus em Cristo; sua mensagem é única e invariável, porque surge de um fato histórico.
O conteúdo da educação cristã é a mensagem libertadora de Cristo, que encarnou o projeto de libertação humana que Deus Lhe revelou e as Sagradas Escrituras revelam este projeto. O Antigo Testamento é a história da libertação do povo de Israel; o Novo Testamento é o anúncio da libertação realizada por Jesus Cristo, que torna possível a transformação e a humanização do ser humano e da sociedade.
Nesse sentido também se desenvolve o método de Calvino. A sua perspectiva social sempre é o destino do pobre, excluído do bem estar econômico reservado para os ricos. A “igreja dos pobres” recebe um sentido muito profundo em Calvino. Considera os pobres como aqueles que irão instruir a direção da igreja (com uma referência a Mateus, 26,11). Jesus, que será sacrificado na cruz, mas depois ressuscitará e será levado ao céu, deixa seus discípulos com os pobres -“os pobres sempre estarão convosco” – e os discípulos permanecem na terra como instrutores da igreja.[9]
A correta compreensão da mensagem cristã faz com que o ser humano se transforme em outra pessoa, que seja uma nova pessoa, que mude a percepção de si mesmo e de suas relações com as outras pessoas, com a natureza e com Deus.
À transformação pessoal corresponde a transformação da comunidade que rodeia o ser humano, mesmo que, atualmente, tanto o homem como a sociedade dependam de forças que fogem ao controle pessoal, pela dependência de máquinas e tecnologias.
De qualquer modo, a educação cristã deve oferecer uma visão do ser humano como centro do propósito de Deus, para não convertê-lo em um ser desumanizado.
Assim, o ser humano deve ser salvo como pessoa, resgatado e restituído da ação destrutiva e opressora da realidade e aceitar o desafio de transformar e humanizar o ser humano e a sociedade, promover a pessoa nova através de Cristo, faz com que a educação cristã adquira uma dimensão libertadora.
O tema central de Calvino é a vida da igreja como um modelo de liberalidade para a sociedade. Esta perspectiva se mostra na importância dos ministérios, que têm a responsabilidade do cuidado especial para com os pobres, os órfãos e as viúvas, em uma clara reprodução do modelo bíblico. Na opinião de McKee, apud McKim, os ofícios de presbíteros e diáconos “demonstram a convicção de Calvino de que a igreja é uma instituição terrena que tem responsabilidade corporativa para com os assuntos sociais e econômicos”.[10]
De um modo geral, o pensamento de Calvino em relação à sociedade e à política social é mais uma ética do que uma teoria política em sentido estrito. Bièler afirma que a ordem política é sustentada por outra, ética: “surge de uma liberdade espiritual e ética em Cristo. [...] O elemento mais especial na doutrina de Calvino é a restauração do ensino bíblico”, de acordo com o qual o Estado é uma instituição criada e desejada por Deus.[11]
Tomando como referência conceitos de Biéler, é possível afirmar que o Reino de Deus ou de Cristo é cósmico em sua visão e, em última instância, invencível. Todas as coisas serão renovadas, inevitavelmente, se a igreja servir como testemunha dessa nova ordem, como agente da Palavra e como seu primeiro modelo ou exemplo.[12]
f) Para participar plenamente do Reino de Deus, inaugurado por Jesus Cristo: toda mudança ou transformação aponta em direção ao Reino de Deus, o qual foi anunciado, conforme Lucas, 10:9; 11:9 e 12:32 e exige a participação do ser humano para a sua realização.
Na prática mesma de Jesus se encontram as características da inserção popular, do enfrentamento dos grupos dominantes, da subversão dos valores idealizados pela fé israelita, o anúncio do Reino de justiça e de amor, a filiação divina do homem e, por consequência, a fraternidade e a solidariedade entre as pessoas.
Além disso, Cristo é exemplo de coerência de vida com sua mensagem, tendo sido levado à morte, mas ensinando, a respeito dela, que é ressurreição e vida para todos.
Diante dessas considerações, observa-se que a educação cristã possibilita a capacitação de toda pessoa para sua consagração ao projeto que Deus inaugurou em Cristo.
Em relação aos fundamentos da educação cristã, o ministério de Cristo consistiu, principalmente, em ensinar e os discípulos a quem escolheu são os alunos, aqueles que seguem creem e defendem os ensinamentos do Mestre.
Nesse sentido, mesmo com a passagem do tempo, os avanços sociais, econômicos, tecnológicos, etc., longe de representarem um impedimento ético ao fomento da religiosidade, sinalizam caminhos que devem ser percorridos para chegar, a partir da fé, elementos que contribuam para a construção de uma nova realidade social.
A incorporação, nas agendas das igrejas, de ações que tendem a realizar uma incursão aos aspectos acima destacados, a partir de uma visão histórica – ético-social – e contemporânea – técnico-cultural -, contribui sobremaneira para que essa construção ocorra.
Desse modo Chartier[13] destaca alguns aspectos que vêm sendo considerados por algumas das igrejas de maior projeção, no sentido de crescimento junto às comunidades nas quais se inserem e da sociedade como um todo:
a) Enfoque na evangelização como uma opção para transformar as vidas dos sujeitos os quais, por sua vez, conscientes e capacitados, desenvolvem ações de transformação em seu entorno.
A chave para isso é assumir posições estratégicas para proporcionar mudanças, colocando a evangelização como fonte de transformações e não mais como instrumento de legitimação de injustiças.
Para tal, no caso das igrejas evangélicas, existe o envolvimento em projetos de evangelização em âmbito nacional, de redenção pessoal, familiar e comunitária;
b) Desenvolvimento de um processo de doutrinamento consciente, militante e comprometido com o Reino de Deus e as consequentes transformações das condições de vida dos indivíduos, em uma sociedade, ou seja, “um discipulado comunitário para a vida em comunidade”;[14]
c) Formação de uma nova geração de discípulos (líderes), que sejam especialistas nos campos básicos do desenvolvimento social, tais como saúde, educação e habitação.
Além disso, incursões nos campos que estimulam o desenvolvimento econômico, como a tecnológica, a produtividade, a comunicação e o manejo responsável da política.
Isso supõe a formação intencional de “quadros” para os diversos campos, desde uma visão de médio até longo prazo, para que atuem em redes de transformação, com base em uma fé viva, contextual, comprometida consigo mesma e com a transformação da sociedade;
d) Articulação de ações sistêmicas dos fiéis em função da transformação social do entorno administrado por cada uma das congregações, no marco de ações individuais das igrejas locais e daquelas dispersas nos diversos âmbitos sociais nacionais e internacionais;
e) Práticas cristãs e ações com sentido contextual e missionário, de tal forma que a fé seja prática e possa estar inserida na realidade vivida por cada igreja, em cada comunidade ou sociedade, bem como a geração de uma consciência coletiva na comunidade evangélica sobre as realidades do entorno da vida e da missão.
Ressalta-se, ainda, em complemento ao anteriormente exposto, a observação de Bonino de que o maior aporte das igrejas protestantes à cultura do século XX e deste início de século é a educação, as suas escolas, seu projeto pedagógico, dentam do qual o ethos das comunidades tem um importante papel a desenvolver, no sentido de recuperar a dignidade humana em meio ao processo de globalização, formando indivíduos críticos, “contribuindo para a consolidação de uma cultura dinâmica, não atrelada às limitações de um cristianismo católico conformista, mas inovadora em suas posições e possibilidades” [15].
No século XX, as escolas e os hospitais construídos pelos protestantes, junto ao espírito prático e empresarial de seus missionários, motivaram importantes setores da sociedade (intelectuais, artesãos, comerciantes, empresários, etc.) a engajarem-se às ideologias liberais e capitalistas emergentes da Europa e dos Estados Unidos.[16]
Também a liturgia baseada no discurso teológico e racional, baseado na análise cuidadosa do texto escrito, reduziria o poder cultural da igreja católica, essa realidade foi-se transformando na medida em que essas mesmas instituições passaram a assumir um papel cada vez mais voltado para a consolidação de uma nova cultura religiosa.
Essa cultura, segundo a análise de Nascimento, está embasada na consideração acerca da cultura formulada por Norbert Elias, que a identifica com todos os aspectos que separam homem e natureza, ou seja, suas práticas sociais, que envolvem a educação, a economia, a religião, a arte, a política, a moral e a técnica.[17]
Com efeito, ao menos no caso brasileiro, a cultura protestante se classifica, dentre outros aspectos, pela forma como se propagam as mensagens religiosas, sendo que os protestantes vinculados à igreja luterana, presbiteriana, congregacional, anglicana e batista se vinculam mais a uma cultura letrada.
A escola dominical, instituída com um propósito em Deus, como um todo, é fundamental para o crescimento da Igreja, por diversas razões, como observa Zuck:
A escola dominical reúne a todos os membros da igreja para proporcionar-lhes instrução cristã; é a reunião da Igreja em classes separadas, conforme a idade, e um agente de evangelização da Igreja. É também o ramo educativo da igreja, que efetivamente tem todas as oportunidades de ensinar e preparar as novas gerações, que aprendem os princípios da Palavra de Deus refletidos em situações de sua vida diária. Aprendem o companheirismo, a obediência, a fraternidade. É um ente formador de discípulos, já que crianças e jovens serão os futuros e são as presentes ferramentas de Deus.
Na escola dominical se alcança uma aproximação do fiel com a Igreja, sendo ferramenta para chegar também às famílias e à comunidade de cada um.[18]

Calvino também ensinou que a Palavra de Deus “não tem eficácia, a menos que, ao mesmo tempo em que é ensinada, o Espírito Santo age nos corações dos ouvintes, produzindo a fé e fazendo que as mentes dos homens sejam receptivas à Palavra”.[19]
Observa-se, então, que Calvino não ensinou que o Espírito faz que a Escritura se converta na Palavra de Deus, mas que legitima o coração dos crentes a compreender que o conjunto objetivo da verdade bíblica é de origem divina e, portanto, autoritariamente correto. O Espírito Santo, como afirma Calvino, trabalha juntamente com a Palavra escrita, interiormente.
A presença do Espírito Santo de Deus eleva a educação cristã além da mera programação, da metodologia e das técnicas. A participação do Espírito na educação a converte em um ministério sobrenatural e divino.
Para Zuck, a educação cristã adquire nova perspectiva quando considerada como obra de Deus e não do homem, impulsionada pela dinâmica do Espírito. Vista como algo divino, o ensino das verdades de Deus se torna uma responsabilidade de grandes proporções e implicações. Ao reconhecer a obra do Espírito, se verifica que a educação cristã envolve objetivos elevados, um Livro sagrado, verdades divinas, almas eternas, questões celestiais e um Mestre divino e infalível.[20]
Também acrescenta Zuck que há duas razões pelas quais o ensino do Espírito é sobrenaturalmente sublime: não há no mundo uma disciplina didática comparável ao ensinamento de Cristo através do Espírito Santo, tanto pelo fato de que é infinito o número e a variedade de temas a serem ensinados, como pela forma em que Ele, por meio do Espírito, adentra no mais profundo do coração e ali, não apenas revela a verdade de magnitude transcendente, mas ajuda o aluno a captar o significado do que é revelado. Em Hebreus, 11:3, se diz que “pela fé compreendemos” e João, 16:12-15 claramente promete que Cristo continuará o ensinamento que iniciou quando estava na Terra. [21]
Do mesmo modo, ressalta-se que quando se fala de educação bíblica, reforçando o anteriormente exposto, se verifica que as informações, os dados, são apenas um aspecto do processo educativo, que se completa com a formação da pessoa.
A educação cristã, dessa forma, é concebida como um processo de formação ou de crescimento pessoal, com elementos distintivos, os quais são assinalados por Schaeffer[22]:
a) Trata-se do crescimento da imagem de Cristo, uma vez que a educação cristã não consiste simplesmente na formação de um homem moral. Certamente se encontra embasada em questões éticas, mas vai, além disso, por ser mais que um ensinamento humanista. Também não consiste no desenvolvimento de alguns valores, para que o homem adquira atitudes cristãs;
Na educação cristã, existe um modelo de homem total, para o qual se dirige o crescimento. Não se trata de um modelo confuso ou relativo. Em Efésios, 4:12-13, se encontra demonstrado esse modelo de homem para o qual a educação cristã deve conduzir: a imagem de Cristo.
Segundo essa passagem, a igreja deve educar ou aperfeiçoar seus membros para que cumpram adequadamente o ministério que Deus atribuiu a cada um. Desta forma, interatuando todos em seu ministério para com os outros, cada membro alcança um crescimento, que pode levá-lo até a medida da “estatura da plenitude de Cristo”.
Sintetizando, o crescimento para o qual deve apontar a educação cristã não é a reprodução de alguns valores cristãos isolados, mas a reprodução cabal perfeita da imagem de Cristo, com todas as implicações que isso traz para a vida do cristão.
b) Em segundo lugar, é um crescimento que se dá em duas dimensões. O crescimento do crente para a estatura da plenitude de Cristo se produz em estreita relação com o crescimento da igreja.
Conforme assinalado acima, Efésios, 4:13, ensina que ao participar da edificação do corpo de Cristo, ou seja, ao relacionar-se com Deus, cada crente alcança seu próprio crescimento.
Do mesmo modo, o versículo 12 ensina que a edificação do corpo de Cristo somente se produz quando ocorre o aperfeiçoamento para cumprir seu ministério. Em outras palavras, o corpo – Igreja - se edifica desde que cada membro individual cresça até a plenitude de Cristo.
Esta visão teológica do crescimento em duas dimensões, aplicada ao plano educativo da escola bíblica dominical, tem implicações muito significativas e que merecem destaque. Aponta para uma educação cristã que não se preocupa somente com a formação de cada cristão em seu contexto individual, mas busca, de forma equilibrada, o crescimento como corpo e o crescimento individual, sem que a ênfase em um deles se sobreponha ao outro.
Isso significa que a educação cristã capacita a cada indivíduo para o desenvolvimento de seu ministério, com a finalidade de que se edifique o corpo de Cristo. Também, ao mesmo tempo, cumpre a tarefa de buscar o crescimento da comunidade, para que ela sirva de contexto para que o indivíduo cresça em relação com Deus e com os demais, se nutra, encontre sua identidade, descubra seu papel e exercite seu ministério.[23]
c) Em terceiro lugar, se trata de um crescimento sobrenatural. Ao formular uma educação cristã, ela não se torna uma receita para que se produza o crescimento da igreja e de seus membros.
Esse é outro aspecto que distingue a educação cristã de qualquer outra modalidade educativa: o crescimento ao qual aponta provém de Cristo e para ser efetivo, somente é possível nos termos bíblicos, através da entrega à obra soberana de Deus, por intermédio do Espírito Santo.
O crescimento da Igreja, portanto, não conta com fórmulas capazes de fazer com que se torne realidade num passe de mágica, mas é o resultado de reflexões e experiências, sensibilidade e responsabilidade, traduzidas no reconhecimento da importância fundamental da escola bíblica dominical para o fortalecimento da comunidade cristã.
O que importa é acertar a proposta, fornecer a resposta de fé e amor esperados, não no terreno das lutas políticas, mas no terreno da vida social, pessoal, religiosa e moral, da realidade primordial acerca da identidade da Igreja, antes de pensar em instituições e organizações humanas.
Os desafios da atualidade requerem uma resposta pessoal e comunitária, sendo urgente saber que características devem ter o cristianismo nas circunstâncias presentes, para ser firme e ativo, não somente para sua manutenção, mas, sobretudo para reafirmar-se cada vez mais na cultura atual, como alternativa e como caminho.
O crescimento da igreja parte também, diante dessas considerações, de uma reflexão sobre como aproximar-se de tantos que se desviam como pronunciar-se no mundo em nome de Deus e anunciar a Sua salvação, reforçando que somente com Cristo se pode ser plenamente humano, livre e completo.
Dussel[24] observa que alguns passos podem ser seguidos, como referência, nessa caminhada, do que se destaca:
1) Considerar que uma proposta cristã exclui uma série de atitudes que não são compatíveis com a fé em Cristo e tampouco com a bondade de Deus, para o que é necessário:
a) Prescindir de sentimentos negativos, como o medo, a nostalgia, o abandono, o submetimento, a incompatibilidade, atitudes que não coadunam com uma postura de fé e de fidelidade.
É preciso assumir as responsabilidades e as exigências de uma verdadeira convivência, com base em dois imperativos básicos – fidelidade e evangelização.
b) Não se pode pretender mudanças repentinas ou novidades milagrosas, repentinas, gratificantes;
c) Não é possível delegar responsabilidades aos outros. Assim, de um em um, se omitem responsabilidades e não se iniciam as mudanças;
d) É preciso assumir as próprias responsabilidades, juntamente à ação permanente de Deus, da qual todos são protagonistas, uma vez que Ele assim o deseja e, sem que Ele atue através da Palavra, nos corações de cada pessoa, nada se faz.
2) Esclarecer e organizar os objetivos, reconhecendo o patrimônio espiritual da Igreja de forma intensa, e a existência de muitas pessoas que, por amor, estão dispostas a trabalhar.
A partir da grande história e da realidade atual que, muitas vezes, não é levada em conta, é possível e necessário, conforme afirma Dussel, contar com a “ajuda de Deus, com o valor permanente da Palavra, com a força do Espírito Santo e a motivação das pessoas chamadas a ser filhos de Deus, feitos à sua imagem e semelhança”.[25]
A primeira imposição é mobilizar, conscientizar, animar, ser coerentes, dar exemplos de fidelidade, de satisfação e de eficiência, vivendo com alegria e santidade, até que essa atitude seja adotada por outros. Consequentemente, também exige que se atue com ordem e disciplina, concentrando esforços em objetivos especialmente estratégicos:
- Começar pela comunidade, reconstruir a fé e a vida pessoal. A fortaleza da Igreja está na presença do Senhor e na sinceridade da fé, conhecimento, adoração, obediência e amor. É aqui que se deve buscar a fortaleza e o apoio para começar a atuar.
- É preciso fortalecer os cristãos, esclarecendo os conteúdos e, sobretudo, fortalecendo as adesões, até que a fé chegue a ser princípio determinante da vida inteira dos fiéis. Há muitos que se creem cristãos, mas não vivem a verdade da Palavra. Há muitas formas de viver a própria fé que podem ser suficientes de certa maneira, mas que são insuficientes para a vida pessoal e, mais, para o crescimento da Igreja como comunidade e para o desenvolvimento de um sentimento de pertinência a essa comunidade.
- É imprescindível adequar os comportamentos, praticar, atuar, militar. Os adultos não vivem assim e não educam os jovens dessa maneira, gerando muitas incertezas, silêncios, condescendências, personalismos e desobediências. Incentivar os filhos a participar das escolas bíblicas é um dos caminhos para que, de modo reverso, as falhas nas atitudes dos pais sejam compensadas pela educação cristã das novas gerações.
- É preciso evoluir para comunidades cristãs que o sejam verdadeiramente, considerando a comunhão espiritual a escola bíblica dominical como elementos determinantes, que dão realidade interior e visibilidade à comunidade cristã.[26]

A segunda imposição, do ponto de vista pastoral, é levar a sério a recomendação de voltar às fontes, observando que as fontes da fé, no que se refere aos conteúdos são, sobretudo:
- o reconhecimento da existência divina;
- a fé em Jesus Cristo como Filho de Deus, testemunha de seu amor, salvador único e necessário da humanidade;
- o reconhecimento do amor de Deus e do amor fraterno como resumos e meios de superação da lei natural;
- o valor central das Escrituras, a tradição e o magistério universal da Igreja como fontes da fé, instrumentos de unidade e guias da consciência cristã. Tudo isso informa e enriquece as práticas fundamentais e os objetivos principais da comunidade cristã;
- a iniciação cristã, formada pelo conhecimento e interiorização da Palavra, através de uma educação adequada, com a colaboração de toda a comunidade, comprometendo os pais na tarefa compartilhada de educar os filhos na fé;
- a atenção e dignificação do matrimônio e da família, num mundo no qual o verdadeiro matrimônio já não existe, tendo sido volatilizado pela cultura civil, que apregoa a liberdade sem compromissos, a sexualidade sem amor e sem entrega verdadeira. O matrimônio cristão necessita ser uma verdadeira profecia de amor, na qual os que se casam devem conhecer e viver sua vocação de testemunhas e colaboradores do amor de Deus e encaminhar seus filhos para que desde cedo vivenciem a plenitude do conhecimento da verdade.[27]

A terceira imposição, partindo dessas premissas, é que a Igreja se faça presente na sociedade, pela reivindicação de cada um do direito de apresentar-se e atuar de acordo com a sua fé, não aceitando a pretendida separação entre a vida privada e a vida pública. Essa separação, além de se mostrar inadequada, confusa e enganosa, não permite a efetiva aceitação de Cristo como o único modelo de vida e da Igreja como ponto de apoio e de reforço dessa atitude de viver em conformidade com a Palavra.

Conclusão
Inicialmente, conclui-se que uma das maiores contribuições da escola bíblica dominical para a igreja é lançar um desafio permanente para que a educação cristã seja uma educação de qualidade, não apenas um conjunto organizado de crenças doutrinárias que podem ser repassadas às pessoas, que as conhecerão e, por isso, passarão a crer. Como já dizia o Revendo Abel Côrte;
- Doutrina bíblica é o conjunto de ensinos e princípios básicos em que esse fundamenta um sistema religioso, filosófico e político.
- Doutrina bíblica é o conjunto básico de ensinos da palavra de Deus onde se baseia e fundamenta a fé do cristão.
- A doutrina bíblica é sempre uniforme, isto é, é a mesma em todos os lugares, para todas as pessoas, em todos os tempos[28]

Uma visão contrária a essa verdade desloca a Palavra de Deus do lugar central na tarefa educativa, fazendo com que deixe de ser Palavra viva e se reduza a uma letra que deve ser aprendida.
Assim, é fundamental a interação da Palavra com a experiência cotidiana da comunidade e de cada um de seus membros para que a Bíblia cumpra com seu propósito de ensinar, corrigir, instruir o homem para que seja perfeito, preparado para desempenhar a sua obra.
Essa interação ou diálogo entre a Palavra e a experiência cotidiana transforma a vida real que, por sua vez, confronta a Palavra, levando a respostas pertinentes, que concretizam a formação do homem.
Dessa forma, repetir as Escrituras, falar delas em todo momento e lugar não significa acumular conhecimentos bíblicos, mas a união da Palavra de Deus à experiência cotidiana, de tal forma que essa experiência se modifique pela Palavra implica em crescimento pessoal, que se traduz em crescimento da comunidade a qual o homem pertence.
Outra conclusão que ressalta do estudo realizado é que a educação cristã, não sendo a transmissão pura e simples de conhecimentos bíblicos, é uma capacitação para a vida.
O exemplo da forma como Cristo se dirigia aos seus discípulos é ilustrativo de uma educação que forma na vida e para a vida, porque Cristo não falava em um modelo, mas Ele era o modelo. Seus discursos não eram feitos com base em situações formais, realizados em locais determinados ou em horários fixos, com esquemas preestabelecidos; o ensinamento era desenvolvido no contexto da vida.
Na presença de situações reais, Cristo era indagado, reagia, ensinava, realizava obras, demonstrando como se deve viver, em uma constante interação pessoal.
Esta interação é a chave para uma educação cristã que se proponha a auxiliar no crescimento da igreja. Apenas na relação interpessoal se pode descobrir a Palavra de Deus agindo na vida de seu povo e superar o nível de crença ou os conceitos aprendidos.
A relação interpessoal também possibilita um ministério recíproco entre os cristãos, no qual uns proporcionam exemplos aos outros, em termos de estímulos para um estilo de vida mais significativo. Essa relação cria um ambiente de aceitação, apoio, ajuda mútua e amor, clima propicio para que se produza um crescimento.
Enfim, conclui-se que a educação cristã, através da escola bíblica, se não prescinde da formação dos mestres em métodos e técnicas, somente contribui para o crescimento da igreja quando participa de um projeto maior, de fortalecimento e de crescimento de cada discípulo, para que cada um contribua, com sua obra, para esse crescimento.
A ideia de comunidade, portanto, se sobrepõe à ideia da formação individual e a estas se sobrepõe à ideia do Espírito Santo, que torna possível essa realidade ao permitir que cada um compreenda em seu coração, a Palavra de Deus e a vivencie em todos os momentos.
A missão evangelizadora e humanizadora da Igreja vivem em tempos de prova, que desafiam para tempos de renovação, de evangelização, de regeneração moral da sociedade, de convivência de paz. O testemunho que o mundo espera da Igreja e das práticas propostas por ela é de segurança, de esperança e de confiança incondicional no homem, inspirado pela Palavra de Deus e vivenciando a internalizacao dessa Palavra, em todo o seu significado.
Esse testemunho, na sociedade, emana da sua identidade como comunidade que vive do – e para – o Evangelho. A fé, ativa no amor, na contemplação da Palavra de Deus, busca estabelecer a justiça nas relações e nas estruturas sociais, respondendo com gratidão à tarefa de responsabilizar-se pelo bem comum.
O futuro da igreja, portanto, indica que ela continuará a ser um agente de mudanças e um agente de transmissão da fé, uma comunidade de redenção cujas tarefas de reconciliação e de expiação, de evangelização e de edificação, de adoração e de testemunho, continuarão a se relacionar intimamente entre si e como os crentes que a compõem.
A construção de uma comunidade ampla, que ajude nos momentos de necessidade, que auxilie na compreensão da Palavra e na interpretação da vontade de Deus para a vida do homem, do perdão e da reconciliação, para que ele cresça nessa relação, consigo mesmo, com o próximo e com a realidade social, é possível e necessária.
Esta comunidade de fé não é um sonho, mas a realidade a que Deus chama, da qual depende a sobrevivência de todos os cultos religiosos e as respostas às necessidades dos homens.
Igualmente, essa realidade é medida pela sua capacidade em promover experiências que se mostrem como sendo essencialmente diferentes da realidade de isolamento, de individualismo e de sofrimento que é vivida por todos os homens na atualidade.
A esperança para o futuro, a perspectiva de crescimento, é que a igreja reconheça cada vez mais que a educação cristã não é apenas uma atividade ou um complemento de sua prática doutrinária, mas um ensinamento para – e por – toda a vida.
A natureza da educação bíblica cristã deve insistir em que a igreja seja cada vez mais o reflexo de Cristo, de quem é o corpo e do homem, para o qual existe, com uma função que envolve o acesso direto de cada homem a Deus, mas também a responsabilidade de tornar cada homem capaz de falar a favor de Deus, de interceder perante Deus em favor de cada homem, conclamando a unidade e ao serviço, na vontade de Deus.
 “A Escola Bíblica Dominical é um curso de teologia celestial de graça”
(Silvio Ribeiro)[29]
Por: Reverendo Silvio Ribeiro
(Teólogo e Pastor da 1ª Igreja Cristã Presbiteriana em Cidade Ocidental-GO).
Obs. Este estudo foi extraído do meu TCC, e faz parte para obtenção do titulo de Bacharel em Teologia pela SEBI-DF).

[1] LEMME, Paschoal. Memórias: Reflexões e estudos sobre problemas da educação e ensino. São Paulo: Cortez/INEP, 1989, p. 54.
[2] MONTI, Emilio. Extensão e educação permanente. Cadernos de Teologia, v. 5, n. 2, Lisboa, abr./1978, p. 27-31.
[3] MONTI, Emilio. Op. Cit.
[4] MONTI, Emilio. Op. Cit.
[5] MONTI, Emilio. Op. Cit.
[6] MONTI, Emilio. Op. Cit.
[7] COSTAS, Orlando E. O Protestantismo na América Latina hoje: ensaios do caminho. Cadernos de Teologia, v. 5, n. 2, Lisboa, abr. /1978, p. 41-76.
[8] MONTI, Emilio. Op. Cit.
[9] TAWNEY, Richard Henry. A religião e o surgimento do capitalismo. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 189.
[10] MCKEE, Elsie Anne. Os Ofícios de Presbítero e Diácono na Tradição Reformada Clássica. In MCKIM, Donald (ed.). Grandes Temas da Tradição Reformada. São Paulo: Associação Evangélica Literária Pendão Real, 1998, p. 18.
[11] BIÉLER, André. Op. Cit., p. 247.
[12] BIÉLER, André. Op. Cit., p. 203.
[13] CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990, p. 107.
[14] CHARTIER, Roger. Op. Cit., p. 107.
[15] BONINO, José Miguez. Rosto do protestantismo latino-americano. São Leopoldo: Sinodal, 2002, p. 54.
[16] BONINO, José Miguez. Op. cit., p. 55.
[17] NASCIMENTO, Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do. Associações voluntárias, missões protestantes e a história da educação. ANPED. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT02-5281. Acesso em 25 de junho de 2011.
[18] ZUCK, Roy B. Poder espiritual en la enseñanza: un estudio bíblico y doctrinal acerca del ministerio docente del Espíritu Santo. México: Ediciones Las Americas, 1995, p. 64.
[19] CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. Op. Cit., p. 30.
[20] ZUCK, Roy B. Op. Cit., p. 123.
[21] ZUCK, Roy B. Op. Cit., p. 123-124.
[22] SCHAEFFER, Francis A. O Deus que se revela. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 8-9.
[23] SCHAEFFER, Francis A. Op. cit., p. 9.
[24] DUSSEL, Enrique. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 39-44.
[25] DUSSEL, Enrique. Op. Cit., p. 40.
[26] DUSSEL, Enrique. Op. Cit., p. 42.
[27] DUSSEL, Enrique. Op. Cit., p. 44.
[28] Côrte, Abel: A Suficiência Humana vem de Deus. Brasília-DF, 2007, p.173.
[29] RIBEIRO, Silvio. Apostila de Estudo Sobre a EBD, p. 10 (verso solto)